Após cobrança de Pezenti, ministro Haddad vai à Câmara prestar esclarecimentos sobre acesso a crédito rural
- Deputado Pezenti Rafael
- 25 de set.
- 3 min de leitura

Em audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (24), o deputado federal Pezenti (MDB-SC) cobrou do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicações sobre a dificuldade de acesso ao crédito rural no Sul do país.
O encontro foi resultado de requerimento apresentado por Pezenti em abril deste ano, aprovado pela Comissão, mas que só agora foi atendido. “Foram 168 dias de espera. Nesse período dá para um cidadão buscar recurso próprio, porque no banco ele não tem; comprar semente, comprar insumo, plantar, cultivar, vender e começar a próxima safra. O agro tem pressa, e nós precisamos de respostas concretas”, afirmou o parlamentar.
Pezenti destacou que, apesar do anúncio do chamado “maior Plano Safra da história”, os recursos não têm chegado às agências bancárias e cooperativas de crédito. Segundo ele, produtores familiares e médios encontram dificuldades em acessar linhas como Pronaf e Pronamp, essenciais para o custeio da produção.
“Na propaganda, o Plano Safra é gigantesco, mas na realidade falta dinheiro na ponta. Os produtores estão indo às agências bancárias, às cooperativas, e não têm acesso a recursos, ministro. A gente precisa resolver isso. O agro não vive de marketing, precisa de crédito para poder produzir e pagar suas contas”, disse.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que haja problemas de obstrução no repasse de recursos do Plano Safra nas instituições financeiras.
"Não tem informações de que canais de repasse estão com obstrução nesse momento. Não é um problema macro", afirmou Haddad. Segundo ele, pode existir algum problema pontual, que a equipe buscará corrigir após uma nova reunião com Pezenti para identificar quais regiões catarinenses que estão sendo afetadas.
O deputado também criticou a falta de destinação de recursos ao Programa de Subvenção ao Seguro Rural (PSR) e alertou para o risco de enfraquecimento do Proagro, mecanismo de proteção para a agricultura familiar. “Sem o Proagro, o pequeno produtor fica desamparado diante de pragas, intempéries e perdas na lavoura. Esse programa é um pilar da segurança alimentar e não pode ser desmontado”, ressaltou.
Pezenti aproveitou o encontro para apelar por atenção aos pequenos produtores de leite, arroz e grãos, que enfrentam queda de preços e dificuldade para renegociar dívidas.
“Os produtores de leite estão vendo os preços caírem, semana após semana, porque as fronteiras do Brasil estão abertas para a Argentina e o Uruguai, que estão praticando dumping e colocam o leite, aqui no Brasil, abaixo do custo para a gente produzir. E o que faz o governo? O arroz está 57 "contos" a saca, ministro. Custa mais do que isso para produzir. Os produtores vão parar de produzir arroz e a gente vai ficar dependente do mercado internacional. Quem trabalha feijão, soja e milho está empurrando as dívidas com a barriga, vendendo o seu patrimônio para conseguir pagar o banco. A situação é periclitante”, lamentou o deputado.

A Medida Provisória (MP1303/2025) também foi tema do debate. O texto que propõe o aumento da taxação sobre o rendimento de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) foi criticado por parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
O presidente da bancada, deputado Pedro Lupion (PP-PR), destacou que a discordância sobre a taxação e aumento de impostos sempre foi “muito clara” por parte da FPA e que a medida causa impacto direto no financiamento da produção. O parlamentar afirma que é preciso encontrar uma solução que não afete o crédito agrícola e prejudique o produtor rural.
Apesar do alerta de vários parlamentares presentes sobre os efeitos nocivos da medida do Executivo, o ministro Fernando Haddad foi categórico ao dizer que se a MP 1303/25 cair, haverá corte de emendas, menos recursos para o Plano Safra e para as estradas do agro para escoamento de produção. Além disso, sugeriu que a decisão contrária da FPA afetaria os próprios parlamentares. “A derrubada da MP machucaria o agro e os deputados em várias frentes”, afirmou.
Comentários